Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pleurer sur mon ciel bleu

...

  O inverno tinha chegado tão frio... A moça com os cabelos presos sentada no sofá finalmente havia conseguido parar de chorar, mas os olhos continuavam muito vermelhos, perplexos, penetrados no nada, na escuridão do apartamento que, de pequeno, tornou-se uma imensa solidão. Não sabia há quanto tempo estava ali, nem mesmo sabia se um dia ia querer levantar e aceitar a nova realidade que lhe havia sido imposta.
   Fechou os olhos amassou nas mãos a injusta carta, as covardes linhas que continha meia dúzia de explicações que jamais poderiam suprir a necessidade de ouví-las bradadas aos quatro cantos daquela sala. Atirou-a no chão e, na tentativa de abafar o grito de dor que vinha de dentro, levou os punhos cerrados à boca. Seus olhos azuis agora eram mares de dor e deles escorriam o desespero de não saber estar só.
   Sem forças, ela se deitou. Despida de vergonha ou orgulho, deixou seu corpo cair no vazio dos próprios medos. E com a única força que havia restado, suspirou “Ela não vai mais voltar...”.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Un souvenir


Dearly Beloved
     Chegou a hora em que nos olhamos nos olhos e tomamos direções diferentes. Foi difícil caminhar, eu sei... E ainda tinha aquele gosto ruim em minha boca em meio aos tropeços do caminho que nunca esperei trilhar.
     Eu fui e doía cada vez menos à medida que me afastava. Fui entendendo que o gosto na verdade não era ruim, era só diferente e eu me acostumei.
     Eu fui e o vazio não se preencheu, mas eu estive ocupada demais pra pensar nele, eu estava vivendo. Novos rostos, novas cores, novas paisagens. Não nego ter olhado pra trás algumas vezes, nessa hora me lembrava de chorar, mas passava. Eu tinha aprendido a me acalmar.
     Hoje eu descobri como é estranho caminhar. Meus passos, seus passos, nos trouxeram de volta. Meus olhos voltaram a cruzar os seus. E, no silêncio, restou o medo. Ao longo do caminho mudamos de cor... Perdemos, ganhamos novas dimensões. E agora? Eu ainda caibo no meu lugar?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Danse et sorir

            Por mais que essa música remeta à morte, trás vida pra dentro de mim.

  Eu abro a porta e te trago pra dentro. Aqui há mil vitrais coloridos por onde entram as luzes que colorem o ar, colorem você... E quando te tocam, deitam e se desenham sobre mim.  Nossas cores se confundem e a minha felicidade mora dentro dos seus poros, que exalam o perfume do encanto mais doce.

  Com minha mão firme em sua cintura, dançaremos, rodopiaremos pelo mar de felicidade, embaladas pela música eterna que meu coração, seu coração, ira embalar por ti. Eu te levarei pelos próximos passos até onde nem eu mesma sei chegar, mas eles serão dados por você, até você, com você... E cada passo será enfeitado por muitas outras declarações de amor inspiradas nos sonhos que tem poder de me conduzir ao esperado futuro que vislumbro nos seus olhos caramelados. E quando esse os passos acabarem, farei um salão ainda maior pra abrigar esse amor, pra dançar com você pela eternidade.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Adieu mon coeur.. On te jette au malheur.

     

tenho estado longe daqui, mas hoje volto com uma história verdadeira que me tocou profundamente e quis que fosse ouvida por ai, talvez por alguém que precise aprender a lutar por si... no mais, Sara Bareilles =]

     Eu tinha acabado de voltar da escola e estava decidida, entrei em casa pronta pra acabar com aquela farsa. A idéia de mentir nunca me agradou e mentira e omissão pra mim são palavras homônimas. Eu também não tinha por que mentir, mesmo com pouca idade, eu já havia entendido que não havia nada de errado comigo.
    Quando cheguei em casa, minha mãe estava na cozinha, terminando o preparo do jantar. Coloquei a mochila no quarto e fui até lá cumprimentá-la com o beijo de sempre.
         - E ai, mamãe, demora muito a sair comida?
         - Não, meu amor daqui a pouco já sai. Falta só ficar pronto o molho do macarrão.
     Eu me sentei à mesa e fiquei olhando enquanto ela mexia as panelas. Minha mãe era uma negra linda, tinha cachos que lhe desciam a cintura. Olhando pra ela, transmitindo a paz de sempre, pude sentir mais do que nunca o quanto a amava, o quanto me era cara e nessa hora confesso que tive medo, mas mesmo assim fui adiante.
        - Mãe, eu queria conversar com a senhora.
        - Pode falar minha filha, temos uns minutinhos antes do seu pai chegar pra jantar.
      - Tá... Antes eu queria que a senhora soubesse que eu a amo muito, muito mesmo! Independente de qualquer coisa...
      - Ai minha filha, não fala assim que você me assusta, o que foi que aconteceu? Fizeram alguma coisa pra você?
     Tomei fôlego e resolvi disparar tudo antes que me arrependesse:
      - Não mãe, calma... No começo eu também achei que tivesse acontecido, mas depois compreendi que sempre fui assim. Não é de agora, eu me percebi meio estranha, de repente eu já não tinha mais olhos pros garotos e me odiava por isso. Eu estava presa num mundo que não era meu. A senhora deve se lembrar de um tempo atrás em que eu só fazia chorar, foi logo quando descobri. Senti como se o mundo estivesse contra mim, como se Deus estivesse contra mim e pior ainda, como se eu mesma estivesse contra mim. Mas então conheci uma pessoa especial, que eu pude amar mais do que eu pensei que se pudesse, mamãe - Nessa hora minha embargou, abaixei os olhos pra não ver os de minha mãe cheios de água. – Quando percebi, já tinha me permitido ao amor que sentia, então pude perceber que um sentimento tão puro, não podia fazer mal a ninguém... Mesmo assim eu ainda não estava feliz, eu precisava que a senhora soubesse, porque felicidade nenhuma esta completa sem a mulher que eu mais vou amar na vida e eu não queria mentir pra senhora... – nessa hora eu parei e falar, pois não conseguia, o choro foi lavando meu rosto e calando meu desabafo desesperado.
      - Minha filha, primeiro eu quero que você entenda que jamais vai poder mentir pra mim. Eu leio todos os seus sinais desde que você esteve aqui. – E acariciou o próprio ventre com carinho – Eu temi que esse dia chegasse, pedi que ele não viesse e não vou dizer que aceito isso tudo, porque o que você quer é franqueza, certo?
   Sequei os olhos com as mangas do moletom e fiz que sim com a cabeça. Ela prosseguiu:
   - Mas minha filha eu te amo, por isso eu não quero e nem suportaria ver você sofrer e não vou compactuar com sua dor, então não espere isso de mim. Mas enquanto você estiver feliz eu vou tentar entender porque Deus, ou seja lá o que for, fez isso com você. Agora, sai da cozinha que você está me atrapalhando de cozinhar.
    Na verdade minha mãe não queria que eu a visse chorando, sempre foi orgulhosa quanto a isso. Eu imagina a dor que estava sentido, eu mesma tinha sentido uma dor horrível. Levantei e fui pra rua, desci algumas quadras correndo e interfonei numa casa antiga e bonita. Ela atendeu e quando ouviu minha voz veio correndo pelo quintal. Quando chegou e viu meu rosto avermelhado, seu sorriso se desmanchou, dando lugar a um rosto preocupado.
     - O que foi que aconteceu, meu amor? Alguma coisa na sua casa? – Disse me abraçando.
     - É, mais ou menos... Eu contei pra mamãe.
     - Você o que?!
     - Eu contei pra mamãe, tudo...
     - Você falou pra sua mãe de mim?
    - Não, eu não falei seu nome, contei mais sobre mim, ela foi até compreensiva, talvez as coisas melhorem pra...
     - Não, pára! Do que é que você tá falando?
     - Ué amor, da gente! Eu não queria mais mentir...
    - Pára... Não era pra ser assim. Ninguém podia saber, minha mãe não vai aceitar isso nunca!
      - Mas amor, um dia as pessoas vão ter que saber!
    - Não, elas não vão! Eu não quero, não vou estar pronto e nunca vou estar. Sinto muito... – Disse com cara de choro. Deu as costas e correu pra dentro de casa. Fui embora e não tenho memória de que nada pior tenha me acontecido até então.
   Já fazem mais de vinte anos desde que isso aconteceu e ninguém nunca soube dessa história. Ela nunca se casou, acabou dedicando toda sua vida à carreira. Tive várias outras mulheres, mas continuei guardando-a em um lugar que ninguém pode substituir. Um amor dolorido, verdadeiro e imperecível. Soube por bocas que ela hoje tem uma sobrinha lésbica e que a defende da mãe, e do resto da família que a hostiliza, com unhas e dentes. Não sei, mas as vezes me parece uma tentativa desesperada de recuperar a própria vida no vigor da juventude da garota de vinte e poucos anos, mas eu ainda sonho com o dia em que ela tomará a esse vigor pra si e virá até a minha porta lutar pelo direito de amar a garotinha que sonhou um dia tê-la pra sempre.

sábado, 12 de março de 2011

C'est payé, balayé, oublié, je me fous du passé!


...

           Eu não sei muito bem o que quero dizer, talvez por isso eu deva realmente escrever. As letras no papel branco vão desenrolando as palavras na minha boca, pondo pra fora toda dor que se escondia e me sufocava. Palavras molhadas por lágrimas que eu não deveria chorar, que amolecem meu peito, dito sólido, cuja única coisa que costumam ver é a casca. Clareiam a minha visão e me permitem ver uma terrível e possível verdade: A solidão me cai mesmo muito bem. Mas até onde isso é um castigo? As vezes é muito melhor sofrer sozinha a sofrer acompanhada. " Permaneço assim, desedificante..."

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aimez-vous

  
Como faz tempo que não venho até aqui, decidi recompensá-los com mais uma loucura minha. A idéia é a seguinte: Convidei dois dos meus amigos para redigir um texto, só que apenas eu sei quem são, nem eles mesmos sabem. as falas foram escritas às escuras. Vamos se alguém descobre quem são.Alguns dos que me visitam costumam lê-los bastante. =]

always betwee the lines... betwee the lines...


   O verão estava anormalmente quente e parecia ainda mais sufocante dentro das paredes daquele quarto. A menina olhava pro teto procurando algo que pudesse fazer numa terça a noite pelas ruas de Belo Horizonte. Não tinha vontade de ligar pra ninguém, queria estar sozinha, mas não com o silêncio da própria casa. Levantou, arrumou os cabelos, apanhou as chaves e ganhou a rua.
   Ela não sabia muito bem pra onde ir, mas seus pés a levaram instintivamente a um bar que a muito não visitava. Lá estavam guardadas muitas memórias, boas e ruins, que queria evitar. Sentou-se numa mesa que a permitia olhar a rua. O garçom veio depressa com um sorriso no rosto.
   - Minha querida, quanto tempo! Por onde andou? Nos deixando de lando, hein?!
  - Muito tempo mesmo. E que por vezes agente tem que se fechar um pouco pra colocar os pensamentos em ordem.
    - É verdade... Mas está aqui hoje pra se divertir, certo?
    - Sim, a intenção hojé é desligar do mundo e seus percausos. 
    - O que vai beber, meu bem? 
    - Traga o seu melhor vinho, por favor! - E o garçom saiu apressado.
  Esperando a bebida, ela começou a correr os olhos pelas mesas. Eram muitos rostos novos, mas ainda tinha aqueles antigos. Quando os via, logo olhava para o outro lado, não queria que ninguém fosse encomodá-la.
  Foi então que ela a viu e foi como se um gancho puxasse seu estomago para baixo. Os cabelos mais curtos, um pouco mais magra, mas com os mesmos olhos negros brincalhoes de sempre. Não dmorou pra que eles encontrassem os dela. O Garçom trouxe a bebida, as mãos gelaram e o coração acelerava cada vez mais a medida em que ela se aproximava de sua mesa. Ela não sabia o que dizer quando ela chegasse, então preferiu encher a boca com um gole de vinho e deixá-la falar primeiro.
   - Pensei que fosse miragem... Tive que vir aqui e conferir se era você mesma.- Disse entre risos.
   - Então, conseguiu matar a curiosidade? Sou eu sim.
  Ela sorriu mais uma vez e se sentou.
   - Conta, o que te trouxe devolta depois de tanto tempo? Pensei que não te veria mais...
   - É que achei que era hora de tocar a vida, conhecer gente nova, me divertir um pouco.
   - Mas pra quem quer conhecer gente nova, não é tão contraditório estar justo aqui, nesta mesa?
  - Verdade, mas acabei me acostumando com a vista daqui, consigo observar todo mundo.- Disse procurando uma evasiva.
  - Ou talvez seus olhos não tenham se habituado às outras vistas. Sabe como é... “O bom filho a casa torna”, não é assim que dizem? - Disse sem saber que nem outros vistas ela tentou olhar.
  - Pode ser, na verdade me sinto bem aqui neste lugar, em especial nessa mesa. Foram ótimos momentos vividos aqui.- Disse e logo se arrependeu com medo de ter se entregado um pouco.
  - Pensei por um momento que fosse negar o inegável, meu bem.
  - Meu bem? Hoje em dia soa estranho você me chamando assim. Nunca negaria algo que foi tão bom...
  - Nunca negaria? Não foi o que pareceu quando você saiu por aí com suas dúvidas.
  - Não negaria um dos momentos em que fui mais feliz. E se saí por ai com dúvidas que pra mim eram certezas, foi porque você  permitiu que elas pousassem dentro de mim.
  - São dúvidas que passaram por mim assim que te vi, mas não precisei fugir em busca de respostas. Espero que ao menos tenha encontrado alguma.
  - Cada um reage da forma que lhe causa menos dor, certo? Ainda tenho procurado, talvez por isso esteja sentada nessa mesa.
  - Então faça como eu escolho fazer, se sua resposta estiver diante de você, apenas diga que sim, porque mesmo com todo o rancor, aqui na sua frente, ainda permaneço a mesma.
 Ela abaixo a cabeça, fechou os olhos e respirou bem fundo antes de responder.
  - Na verdade a resposta sempre esteve na minha frente e eu teimei em não ver. Então... não solta mais a minha mão?
 A outra sorriu enquanto os olhos marejavam
  - Durante todos esses meses vim a este bar esperando este pedido.
 Se levantou, segurou com carinho a mão da outra e a beijou nos lábios com carinho.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

La vie ça se donne par l'amour

 Jeito Amelie de ver as coisas
 
Ela me tirou pra dançar, certa de que seria sempre sua. Segurou suavemente os cabelos da minha nuca e me beijou... Um feitiço do qual nunca mais pude me desfazer. Prendeu meus sonhos aos dela, deixou seu cheiro em meu corpo e me roubou de mim. Não que eu fosse sua prisioneira, ela era meu vicio e sua ausência vai queimando minha pele até que eu grite seu nome. Ela sempre ajeita os cabelos pra eu despentear, invade minha alma com seus olhos cor de âmbar e sorri um sorriso doce que me embriaga de uma felicidade que eu jurava ter conhecido antes, de outros amores... Então me abraça e eu me acostumo ao seu calor, sem querer imaginar como é o mundo fora dali, dos braços amorosos da mulher que conhece as minhas mais profundas entrelinhas. O tempo passa e a musica não pára, vou dançando o som que tem o ritmo do seu coração.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Nous aurons pour nous l'éternité



Bom gosto da flor.

   Era o dezembro mais estranho que ela já tinha visto. Noites chuvosas, dias quentes. A exceção daquele. O sol quis aparecer, teimoso em meio a tantas nuvens. A menina de cabelos cacheados estava deitada no sofá da sala quando resolveu que hoje não ficaria em casa remoendo lembranças antigas. Levantou, calçou seus tênis, procurou os óculos escuros, apanhou a coleira do cachorro e saiu pra um pequeno passeio. Caminhou até a praça próxima de casa e deixou que o animal, que hoje era sua única e mais fiel companhia, corresse um pouco. Ela se sentou embaixo de uma arvore e começou a sentir o vento morno que corria. Olhando aquele cenário, sentindo aquele ar e aquelas cores, ela percebeu que todas as lembranças, que ela havia tentado deixar trancadas dentro do apartamento, sabiam o caminho daquele lugar.
  Com o final da tarde, veio a chuva fina típica daquela estação. Ela ficaria ali se refrescando por muito tempo se não tivesse se lembrado que havia deixado a janela da sala aberta. Chamou o cão e refez o caminho até em casa. Aquela chuva tinha feito bem aos dois, voltavam para casas um tanto mais felizes, ou menos tristes.
  Quando a porta do elevador abriu, o cachorro correu e pulou alegre no colo de uma menina que estava sentada no chão e encostada na porta de entrada da sua casa.
 - Oi, Amorzinho! Você não me esqueceu, não é? IIh você ta todo molhado... – Ela parou de falar e olhou pra cima, para os olhos surpresos da outra. Ela estava parada, inerte e molhando todo o corredor. Sem saber o que pensar, ela estudava cada pedaço do corpo que um dia conheceu. Os cabelos escuros mais curtos, não brilhavam como antes. Ela estava sem maquiagem e mais magra. Mas o que mais incomodou foram os olhos, eles estavam tristes... Muito tristes.
  Ela caminhou até a porta devagar, abriu e ficou esperando até que a outra se levantasse e entrasse. Quando ela passou pela porta pode ver seus olhos brilharem. Ela trancou a porta e passou direto até o banheiro. Apanhou duas toalhas secas. Colocou uma no chão, onde o cachorro se deitou, e começou a secar os cabelos com a outra devagar, numa tentativa de se dar tempo pra pensar no que fazer.  Trocou a roupa molhada, sentou na cama por alguns segundos, fechou os olhos e respirou bem fundo, tomou toda a coragem necessária e voltou pra sala. Sentou no sofá e ficou observando a outra que caminhava entre os móveis, tocando um e outro objeto com carinho. Olhou pra trás sorriu e disse:
  - Senti saudade de tudo isso sabia? Está tudo nos lugares onde eu me recordo, menos as nossas fotos. – As últimas palavras foram ditas em notas um pouco mais tristes.
 - Você realmente pensou que as encontraria no lugar?
- Na verdade eu esperei encontrar outras... – ela se sentou a uma distância razoável.
- Talvez fosse melhor, mesmo.
- Isso eu não sei, na verdade.
  Houve alguns segundos de silêncio, em que ela sentiu raiva. Questionava como as pessoas conseguiam fazer isso. Ir embora, voltar tempos depois como se nada tivesse acontecido. Parecia um tanto cruel. Ela havia sofrido muito com tudo isso, ainda doía. Toda a mágica de antes tinha virado tragédia e ela sabia que a culpa não tinha sido dela. Era a outra quem tinha perdido e ela teve tempo pra pensar, ir se preparando pra se caso esse dia viesse a acontecer. Mas de repente ela percebeu que de nada havia valido. Ela estava lá desarmada, tinha esquecido tudo o que tinha pra dizer.
- Por que... O que você veio fazer aqui? As coisas que você deixou estão guardadas, pensei que talvez você fosse querer buscar, mas eu poderia ter mandado pelo correio...
- Não. Não foi por elas que eu voltei. – Olhou fundo nos olhos da outra, esticou a mão tentando alcançar a dela, mas ela se levantou, deu um passo pra trás e cruzou os braços enquanto acusava a outra com os olhos.
 - Será que tem mais alguma coisa pra você? Achei que você tivesse levado tudo o que realmente precisava quando passou por aquela porta há uns meses atrás.
- Tenta entender, por favor.- Ela tinha fechado os olhos - Eu cometi um erro, mas eu fui atrás de um sonho. Eu reconheci o meu erro quando entrei naquele ônibus e quis voltar, mas ai já era tarde. Eu resolvi apostar e perdi.
- Pelo o que sei, você tinha casa no Rio, estava bem empregada.- A outra olhou surpresa e ela corou um pouco. Não queria que ela pensasse que ela esteve preocupada demais com o bem estar dela. – Pois é, as pessoas se preocuparam esses meses todos em me contar sobre a sua vida maravilhosa.- E deu de ombros.
- Mas eu perdi, perdi a nossa casa, perdi o nosso cachorro, perdi o seu amor, perdi você...
- Foi porque você quis assim! – Disse entre lágrimas num tom bem mais alto. – Eu não te mandei sair. Você deve achar justo voltar agora que eu resolvi apagar as suas memórias que me atormentaram todos os dias. Você é bem grandinha pra saber o quanto dói aqui, o quanto eu lutei do seu lado por tudo isso aqui e mesmo assim foi embora sem ter nem a decência de me olhar nos olhos, deixando um bilhete de desculpas?
  A outra abaixou a cabeça nos joelhos e começou a chorar, um choro sentindo daqueles que agente sabe que esteve guardado muito, muito tempo. A raiva se dissipou vendo aquela cena. Tinha tempo que ela não a via chorando, mas por algum motivo, agora doía muito mais.
- Desculpa, eu não tinha direito de te fazer reviver tudo isso. Tem muitas coisas que eu nunca te disse... Depois de tudo isso, eu ainda sinto sua falta. Eu nunca devia ter ido embora amando você como eu amava e ainda amo. Só não tenha raiva de mim... – Não pode mais falar, a voz foi embargada pelo choro. Ela se levantou e tomou o caminho da porta.
Vendo-a partir, teve pouco tempo pra pensar. Poucos segundo pra muitos sentimentos distintos: Confusão, descontrole, perda... Deu dois passos rápidos e segurou-a num abraço.
- Não! Eu não suportaria ver você indo outra vez. Eu ainda sinto raiva, mas meus outros sentimentos me ensinaram que amor de verdade não se impede de sentir isso também. Por favor, fica. Fica e não se perde de mim outra vez. Eu... Eu te amo!
  Ela se virou e segurou o rosto da mulher que amava com as duas mãos e a beijou. Um beijo com gosto de saudade, com gosto de retorno, com gosto da certeza de que o que não tem que acabar simplesmente não acaba.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Laissez-le-moi


    Foram inacreditáveis doze meses em que derramei aqui minhas emoções... Dividi momentos meus que nem mesmo eu ainda pude viver, mas posso dizer que ainda assim são os mais verdadeiros. Obrigada a todos aqueles que se deram o trabalho de ler estas linhas. Espero trazer alguma felicidade por mais tempo... =] 
AnaCii

Agora tem até musiquinha =]

     Era outro 24 de Novembro. O dia havia nascido meio cinza, mas ainda assim aquele dia se fazia lindo. Eu estava sentada no chão da sala, apoiando as costas no sofá amarelo que eu sempre detestei tanto. Olhava pela janela o pouco de céu que aquele quadrado me permitia, mas que tinha poder pra me levar pra mais longe do que minhas pernas ou meu coração teriam coragem de carregar. Largado no chão, o notebook esperava ansioso com uma página em branco por qualquer coisa, mas simplesmente não havia nada a dizer. Os pensamentos, sempre tão embaralhados e voluntariosos, de repente emudeceram. Levantei e fui até a cozinha, peguei uma xícara grande de café, voltei a me sentar e encarar a página. Ainda assim: Nada!
  Resolvi não forçar, sempre primei pela fluidez de tudo que havia feito e hoje não seria diferente. Minimizei a tela e coloquei alguma coisa pra tocar. A voz de Edith invadiu aquele pequeno cômodo e, como de costume, meu coração começou a bater um pouco mais rápido.
  Foi então que ela apareceu. Entrou com calma, parecendo que sempre esteve ali. Os cabelos estavam um pouco mais compridos e soltos, mas os olhos que eu tanto amo estavam iguais, ainda brilhavam convidativos e ameaçadoramente lindos. Ela vestia um vestido simples, vermelho que lhe caia até um pouco abaixo dos joelhos. Veio andando se abaixou e me beijou o rosto com carinho. Veio se sentar atrás de mim. Começou a mexer em meus cabelos com carinho e perguntou:
   - O que você está fazendo ai, meu amor?
Fechei os olhos, sentia os dedos dela correndo pelo meu couro cabeludo e ia percebendo o quanto aquilo me fazia falta.
  - Tentando escrever, contar mais mentiras sobre você e eu...
Ela sorriu e o som daquela pequena gargalhada teve o poder de matizar os sentimentos em meu peito, que sempre tiveram cor, mas que de repente se fizeram mais vivas.
 - E engraçado você dizer que são mentira. Eu vejo seu rosto, eu vejo meu rosto em tudo o que você escreve. Vejo seus sonhos, nossas mãos, os meus olhos... até mesmo nos que falam de outras mulheres.
 - É verdade... É difícil me lembrar de algo em que você não está.  
Ficamos em silencio por algum tempo. Ela me abraçou. Havia mil coisas que eu queria dizer...
- Não entendo como é que a gente foi se perder tanto. Tem tantas coisas que poderíamos ter vivido... Nós confiamos no tempo e hoje eu sinto que ele me deixa cada vez mais sem saída. Estamos indo pra longe... Um longe onde eu não sei se vai dar pra voltar.
 Não deu pra falar mais muita coisa. Eu desmoronaria se tentasse e ela sabia disso. Começou a trançar meus cabelos.
- As pessoas se perdem o tempo todo. Elas se perdem e as vezes se encontram mais tarde, levando uma bagagem de vida maior, um amor mais maduro... Mas não sinto que seja assim no nosso caso. Nós nunca nos perdemos. Sempre estive aqui, sempre vou estar aqui. Mesmo que seja numa lembrança. Nós temos muitas, não é? Já são dois anos...
  - É... Dois anos.- tornei a fechar os olhos –Será que você pode ficar um pouco aqui comigo?
 - Claro, eu já te disse... sempre estou aqui.
Sorri, peguei a sua mão e a levei até o quarto. Deitadas na minha cama, eu a prendi num abraço firme, esperando que ela não fosse embora, esperando que ela ficasse ali pra sempre...
  Acordei mais tarde, sentada no chão, com o copo de café já frio ao meu lado. A sala estava impregnada com o cheiro dela, mas eu nem perdi meu tempo questionando o por que. Talvez fosse só minha alma desesperada querendo que ela tivesse mesmo vindo me ver. Corri os dedos pelo rosto, tornei a abrir a página em branco e escrevi: 
“Le temps de commencer ou de finir
Le temps d’illuminer ou de souffrir
Mon Dieu! Mon Dieu! Mon Die!
Même si j’ai tort
Laissez-le-moi um peu...
Même si j’ai tort
Laissez-le-moi
Encore...”

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Et dans tes yeux, mes jours heureux

        Hoje, meu amor, eu vim pedir sua vida. Vim pedir todos os seus sonhos em troca de um milhão de abraços nas manhãs de domingo. Vim deixar você provar tudo que é doce em mim, desde que me permita ter o que há de amargo em você. Quero poder gritar que nunca mais vou voltar e terminar nos seus braços meia hora depois. Deixar você me ensinar a colorir o infinito e te deixar ler todas as minhas entrelinhas. Sentir o perfume de maio chegar e voltar a ser criança. Escutar seu silêncio e descobrir novas canções pra te dar. E me jogar do oitavo andar só pra você me segurar. Toda vez que se perder, ir te encontrar e te trazer pela mão, não importa a distancia. Despir minha mente, fechar os olhos e te ver. Brigar pra nos reconciliarmos e tornarmos a brigar mais tarde. Ser livre e deixar a gravidade me puxar toda vez que você sorrir. E me sentir morrer por pensar que posso te perder. Vim te oferecer meu corpo em troca dos filhos que um dia me dará e prometer que irei amá-los tanto quanto meu coração consegue amar você. Envelhecer te escrevendo outras centenas de letras enfeitadas que vão construir uma história começada com “Era uma vez...”.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mais dans ma vie y a plein d'printemps.



 Eu tenho infindáveis sonhos que hoje parecem me perseguir. Sonhos dos quais não abro mão e ainda assim me escravizam, apontando o caminho e sublinhando os obstáculos, que por mais simples que pareçam ser se fazem intransponiveis, quase assustadores... Sonhos que hoje divido e dobram de peso a cada passo não dado. Ah, mas eu não os temo! Sonho novos sonhos todas as manhãs e os cultivo, mais do que com amor, com coragem, porque sei que o que difere fracos de fortes é a capacidade de enfrentar as própria quiméras.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Après nous


    O sábado estava frio, faltava luz no dia e as palavras pareciam ecos distantes. A visão estava turva, confusa... E ela ia refazendo os passos até em casa. Sentia que iria embora, mas antes havia coisas a serem ditas, palavras acinzentadas e coloridas que ela guardava no peito e que iam ganhando forma à medida que caminhava.
  Subiu até o sexto andar pelas escadas, tentando ganhar tempo e com ele coragem pra se despedir. A porta estava aberta como havia deixado ao sair sem olhar pra trás. Passou por ela com passos nem tão seguros, com medo do que veria lá dentro. Na sala, outra garota de vinte e poucos anos sentada numa cadeira em frente a uma enorme porta de vidro cujo reflexo permitia ver olhos inchados e avermelhados enxergando sem ver tudo o que havia lá fora num mundo de coisas não palpáveis.
  Ver aquele rosto entristecido era para ela como sentir cortar a própria carne e foi impossível controlar as lágrimas. Ela esticou o braço, pensando em tocar o ombro que muitas vezes havia lhe cedido aconchego a noite, mas algo em sua cabeça fez com que mudasse de idéia. Ela nem sabia mais o porquê de terem brigado, só sabia que não fazia sentido. Todo o texto preparado sumiu da mente, era melhor falar com o coração que parecia bater cada vez menos, falar logo...  
  - Eu voltei pra casa me perguntando como chegamos até aqui, o porquê de chegarmos até aqui... Os dias estão difíceis e me peguei pensando na tristeza das coisas que terminam, mas descobri que isso é uma grande e terrível mentira. – A outra continuava olhando impassível pela janela e ela respirando fundo, tomando fôlego pra terminar – Olha, eu sempre te amei, sempre fui sua e minha vida sempre esteve entrelaçada aos seus passos profundamente. É uma pena que isso tenha que se desfazer agora. Eu queria poder fazer você esquecer cada palavra minha que tenha te ofendido e soubesse que daria tudo para tê-las escolhido com mais carinho. Queria ter poder pra fazer sobrar na sua memória só as coisas boas que pudemos viver até aqui, mas sei que as paredes dessa casa vão tratar de fazê-lo por mim. Eu vou agora, ficar não adianta mais nada. E mesmo que eu caminhe sem você por lugares que eu desconheça, vou te guardar... Vou te levar...
 Os restos das palavras se engasgavam em meio às lágrimas que agora inundavam aquele rosto. Ela se sentou de costas para a parede com as pernas encolhidas e se deixou chorar por um tempo em busca de uma calma que nunca veio.
  O telefone tocou uma, duas, três vezes até que a menina de olhos tristes resolveu se levantar. Tirou-o do gancho sem pressa, e sua voz saiu baixa, num “alô” tão infeliz quanto seu rosto parecia estar. A conversa prosseguiu por pouco tempo, alguém do outro lado do telefone a havia assustado tanto que seu rosto perdeu a cor, seus olhos agora tinham perdido a vida e o telefone tinha escorregado pelas suas mãos. Saiu correndo pela porta aberta, desceu todos os degraus tão rápido que pareciam não estar ali, ganhou a rua com igual velocidade e no fim dela uma pequena multidão.
Dentro de sua cabeça as passadas eram feitas em câmera lenta e os pensamentos de misturavam, pesadelo, desespero, esperança...

“A morte de um ente querido é uma coisa estranha. É como subir as escadas para o seu quarto no escuro e achar que tem mais um degrau... quando não tem. O seu pé afunda no ar e acontece um breve momento de grande susto.” Lemony Snicket.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Le ballet des coeurs


Eu descobri que troco tempo por tempo, tentando não envelhecer.
Troco de dores, mantendo tudo o que me caracteriza e faz viva.
Troco a cor dos meus cabelos, emoldurando com mudança um rosto cansado.
Troco de banda preferida, montando uma trilha sonora de mim mesma.
Troco minha própria verdade, buscando ser maior do que eu possa ser.
Troco de amores, preenchendo lacunas e tentando não errar.
Troco até de coração, então passo a ser você.

sábado, 7 de agosto de 2010

No regrets

Outro copo de vinho, mais um cigarro na mão,
Duas linhas escritas de um poema bobo.
Uma lembrança boa dançando na memória,
Um meio sorriso insistindo em aparecer...

Meio copo de vinho, o cigarro queimando,
E as lembranças chegam com vigor.
Um completo sorrir ao lembrar nossa história,
lindas linhas de um poema ebrio.

Um copo vazio e o gosto amargo do cigarro.
Gosto que lembra os lábios que me tiravam o chão.
Agora a fumaça leva tudo o que um dia foi lagrima
e me resta o cinzeiro de lembranças apagadas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Et moi je trouve ca merveilleux


          Eu me lembro de acordar de manhãzinha e sentir seu braço pesando em minha cintura. Era quase como sonhar... Eu gravava os seus traços em minhas retinas e quase podia contar seus cílios. A ponta dos meus dedos corria pelo seu rosto em segredo, sentindo cada milímetro de pele. A sua boca vermelha, mesmo ali quieta, ia me chamando... E eu a beijava, tendo o cuidado de não te acordar. Você se mexeu um pouco e o braço em volta de mim, puxou meu corpo pra um pouco mais perto. O seu rosto de encontro ao meu e eu ouvindo você respirar... Não queria mais dormir, queria continuar vivendo meu pequeno momento de encanto, mas isso é bobagem. Quando acordasse outra vez, continuaria sonhando, só que então seria me perdendo em seus olhos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tu n'auras pas mes yeux pour mourir



   A cidade vista de cima, o chão visto de cima... E perto, perto, cada vez mais perto, rente à pele... E uma garota acordando a noite, assustada. O corpo tremendo embaixo das cobertas e dentro do abraço apertado da namorada que dormia tão profundamente que não pode notar. Ela procurou pelo celular e viu que já eram quatro da manhã. Foi se levantando com cuidado pra não acordar o pequeno corpo ainda adormecido e aconchegado às muitas cobertas.
   Com um pouco de sorte, achou café na garrafa térmica. Encheu um copo, acendeu um cigarro e se sentou no peitoril da janela pra observar a cidade. Essa noite ela estava anormalmente quieta, tudo o que se ouvia era o vai e vem dos carros na avenida logo abaixo.Ainda assim aquela visão cheia de luzes sempre trazia calma, mas parecia que o sono havia sido espantado pra longe demais dessa vez. Resolveu se servir de algo mais forte pra tentar relaxar... Na geladeira, uma garrafa de vinho tinto pela metade. Serviu uma dose generosa e voltou a observar a calmaria.
    A essa altura não era o sonho ruim que a mantinha acordada, estava imersa em seus próprios pensamentos. A vida era boa, ela estava exatamente onde esperou estar a vida toda. Tinha tudo o que desejava ter e não precisava de ninguém pra isso. Tinha construído a fortaleza segura dos sonhos da adolescência e amadurecido com os trancos do caminho. Então porque o buraco no peito? Era um buraco tão fundo que não se podia ver o que estava dentro. Ela só sabia que pesava tanto que já não carregava e sim o arrastava.
    O telefone tocou as quatro da manhã e a arrancou de dentro dos pensamentos com um susto grande. Ela olhou o identificador e o frio na barriga foi inevitável. Já fazia tanto tempo que se assustou de ainda ter aquele número gravado na agenda e mais ainda por estar recebendo aquela chamada, mas atendeu sem nem mesmo entender porque.
-         Oi.
-         Oi, não esperava que você atendesse.
-         Então por que ligou?
-         Não sei, talvez parte de mim quisesse mesmo ouvir você...
-         Ta, mais alguma coisa?
-         Na verdade muitas coisas... E eu quero que você só me escute. Faz tempo e talvez eu tenha esperado muito, mas isso também foi bom pra eu ter certeza de todas as promessas que eu fiz pra você um dia. Eu vivi a minha vida, mas nada foi igual ou teve o mesmo gosto. Faz tempo que eu percebi que era mesmo você e que ninguém poderia ocupar o vazio que deixou em mim, mas persisti... Acho que por falta de coragem, não sei! Mas hoje eu resolvi testar a minha sorte e ligar pra dizer que eu ainda te amo... Eu ainda quero ter a minha vida do seu lado.
-         É... Tem razão, você esperou muito.- E desligou o celular.

  Quase que imediatamente o coração apertou e seus olhos se fecharam deixando cair duas lágrimas sentidas. Apertava tanto o peitoril da janela a procura de apoio que os nós dos dedos estavam brancos e ela tentava não fazer barulho. O choro que lavava seu rosto agora era do pior tipo, daqueles que você nunca vai poder dividir com ninguém. Ela detestava chorar, mas a tortura era maior que as forças que ela tinha. Sabia que tinha tomado a decisão certa, mas havia um talvez... Talvez tivesse acabado de jogar a própria felicidade por aquela janela.
  Já estava mais calma quando voltou para o quarto. O dia estava nascendo e da porta do quarto ela pode ver o corpo da mulher que dormia sozinha sem saber de nada do que havia acontecido. Talvez ela nem tivesse percebido a ausência dela na cama. Deitou, abraçou a pela cintura e tentou voltar a dormir. Pela manhã a única coisa que havia mudado era que agora sabia exatamente as feições, o nome e o número do telefone do peso dentro do buraco.