Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pleurer sur mon ciel bleu

...

  O inverno tinha chegado tão frio... A moça com os cabelos presos sentada no sofá finalmente havia conseguido parar de chorar, mas os olhos continuavam muito vermelhos, perplexos, penetrados no nada, na escuridão do apartamento que, de pequeno, tornou-se uma imensa solidão. Não sabia há quanto tempo estava ali, nem mesmo sabia se um dia ia querer levantar e aceitar a nova realidade que lhe havia sido imposta.
   Fechou os olhos amassou nas mãos a injusta carta, as covardes linhas que continha meia dúzia de explicações que jamais poderiam suprir a necessidade de ouví-las bradadas aos quatro cantos daquela sala. Atirou-a no chão e, na tentativa de abafar o grito de dor que vinha de dentro, levou os punhos cerrados à boca. Seus olhos azuis agora eram mares de dor e deles escorriam o desespero de não saber estar só.
   Sem forças, ela se deitou. Despida de vergonha ou orgulho, deixou seu corpo cair no vazio dos próprios medos. E com a única força que havia restado, suspirou “Ela não vai mais voltar...”.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Un souvenir


Dearly Beloved
     Chegou a hora em que nos olhamos nos olhos e tomamos direções diferentes. Foi difícil caminhar, eu sei... E ainda tinha aquele gosto ruim em minha boca em meio aos tropeços do caminho que nunca esperei trilhar.
     Eu fui e doía cada vez menos à medida que me afastava. Fui entendendo que o gosto na verdade não era ruim, era só diferente e eu me acostumei.
     Eu fui e o vazio não se preencheu, mas eu estive ocupada demais pra pensar nele, eu estava vivendo. Novos rostos, novas cores, novas paisagens. Não nego ter olhado pra trás algumas vezes, nessa hora me lembrava de chorar, mas passava. Eu tinha aprendido a me acalmar.
     Hoje eu descobri como é estranho caminhar. Meus passos, seus passos, nos trouxeram de volta. Meus olhos voltaram a cruzar os seus. E, no silêncio, restou o medo. Ao longo do caminho mudamos de cor... Perdemos, ganhamos novas dimensões. E agora? Eu ainda caibo no meu lugar?