Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Les échos du bonheur


  O telefone tocou às duas da tarde. Era a voz de um amigo me convidando a passear pela noite, acender risadas e beber alegria, como quando éramos mais jovens e despreocupados. O engraçado é que isso não fazia muito tempo. Coloquei o telefone no gancho e saltei do sofá com alegria, cheia de esperança pela noite fantástica que certamente viria. O problema é que eu não sabia o que vestir.
  Fui até o quarto e abri as portas do guarda roupa disposta a arrancar dele algo descente pra que eu pudesse vestir. Meu sorriso animado sumiu quando contemplei a desordem natural dele. Fui puxando peça por peça e o que desagradava ia pro chão.
 Quinze minutos e nada... O guarda roupas quase vazio e eu constatando a necessidade de roupas novas. Foi então que puxei do fundo da bagunça uma camisa azul escura. Aquela mesma que eu havia escondido. Meus olhos fecharam e eu a trouxe até o nariz sem pensar, mas logo a abaixei, pois o cheiro que procurava já havia se perdido. Eu a abri na minha frente e foi como se eu pudesse reviver o dia em que eu mesma a arranquei do seu corpo. Foi como sentir novamente a luz que saia dos seus olhos, que me refletia dez vezes mais bonita do que sou, tornar a cair sobre mim.
  Eu pude lembrar de cada uma das promessas que hoje só servem pra te desconcertar, mas elas são tudo o que eu ainda sei sobre nós (mesmo que por vezes eu queira duvidar) junto com todas as coisas que não faremos, embora eu ainda esteja atada a você com nós cegos feitos pelos meus desejos insufocáveis, egoístas e cheios de amor.
  Eu corri os dedos pelo pano, mas o que eu sentia nas pontas deles era o toque da sua pele e a recordação do calor do seu corpo. Também veio a saudade da calma do seu abraço e das suas mãos correndo pelo meu rosto, desenhando os meus contornos. De olhar no fundo dos seus olhos e ouvir aquele “eu te amo” que vinha como uma onda colorida, quebrava no meu peito e fazia com que sentisse vida neste corpo. E de sentir os ecos de felicidade retumbando dentro de mim enquanto diziam “eu também, eu também... eu também”.
  Aos poucos, meus olhos tornaram a recobrar o foco e encarando aquele pedaço de pano, que mais parecia um pedaço seu deixado pra trás. Eu sorri, embolei e tornei a atirar no fundo do guarda roupas. Peguei o primeiro jeans ao alcance, uma camiseta preta e calcei meus all stars inseparáveis. Maquiei o rosto com o cuidado de sempre e dei um jeito nos cachos dos cabelos. Peguei o celular e as chaves, apaguei as luzes e tranquei a porta me perguntando se um dia teria coragem de me livrar daquela camisa de vez.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

À l'enseigne de la Fille Sans Coeur

  Preciso poder permanecer triste por incontáveis dias sem ter que me fazer entender, não estar feliz pelo simples fato de estar. E me cansar, zombar da sua vida por não ter controle sobre ela. Será querer demais?
  Quero ir pro lado errado e rir na cara do aviso, gritar sem me esconder. E ficar por perto sem você me ver, confiar em tudo o que for novo sem nunca ter certeza. Será pedir demais?
  Tenho que saber quantos passos ainda posso dar além de toda a loucura que já cometi, pra que longe os desejos do seu coração vão me levar pra eu te ver feliz, até onde eu suporto respirar sem viver. Será poder demais?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Les rêves que m'apportent tes yeux


  Um dia decidi seguir e ir buscar meus sorrisos em lugares distantes dos que você costumava caminhar.
  Corri por todas as estradas tortas que pareciam não ter fim e hoje tenho mil histórias pra contar sobre o que pode ser o amanhã. Mas só o que eu quero te dizer é que ele realmente não importa, assim como “o que está feito, está feito”.
  Escrevi incontáveis linhas sobre saudade e isso funcionou por algum tempo, até que eu passei a precisar do que estava dentro delas. E não foi difícil buscar, já que sempre esteve por perto e podia me sentir de alguma forma.
  E mesmo que ninguém entendesse, eu tinha paz na sua felicidade e você sorria com a minha. Aprendi a ler os seus gestos e você descobriu quem sou eu, juntas construímos uma casinha amarela com janelas e portas vermelhas pra que a nossa amizade pudesse morar. Foi mais que amor e nada que eu vá conseguir explicar. Era algo que me permitiu ter o que sempre quis livre no vento e preso nos versos das nossas canções.
  É verdade que eu andei pra longe e que, mesmo no longe, você está e ainda posso ver todos os meus sonhos desenhados em castanho escuro, dentro da íris dos teus olhos. Ah! Não sei se é certo, mas já me sinto contando os passos de volta pro seu coração.