Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Inestancável



Há algo de errado comigo. Quando fecho os olhos, os pensamentos que chegam a minha cabeça não são os que quero ter. Não são aqueles sempre tão bons que me mantinham de pé com um sorriso distraído. Agora eles parecem horas ensolaradas roubadas da vida de outra pessoa. Eles são recortes de céu cinza e pálido incrustados no meu peito. Que estranho, o céu tem andado tão azul...
Ainda que silenciosamente, os novos pensamentos pulsam com vida e as pontas dos meus dedos parecem desenervadas à medida que o tempo passa e eu escrevo mais linhas bobas sobre como eu perdi você e seus olhos castanhos (outra vez os seus olhos...). Mas, ao contrario do que eu esperei, eu tenho sorrido, tenho procurado motivos por mais que eles só durem por um período ínfimo de tempo.
Mas, se a alguém interessa, tenho estado feliz assim. Ainda tenho você, ainda tenho a sua voz ao telefone, ainda tenho o eco daquelas palavras em um domingo à noite: “O tempo vai passar, você pode até deixar de gostar de mim mas , eu não sei porquê, ainda não acabou o que a gente tem pra viver”.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Bette Davis Eyes


Estive olhando pra sua foto sobre a mesa por tanto tempo... É aquela em branco e preto de que sempre gostei tanto e que me faz sorrir sempre. Ela nunca precisou de cores, eu já conheço todas as suas assim como os traços desse rosto que aprendi a amar tanto. É estranho eu ainda não ter me acostumado a seus olhos, com o modo como sempre me prende com eles. São neles onde eu me demoro mais quando corro os meus pelas fotos. “Ela tem os olhos de Bette Davis...”. Eles também brilhavam desafiadores nessa ainda que sempre tão parados. E por um segundo achei que pude ouvir minha vontade de tê-los vivos pressionando os vidros da janela. E é realmente uma pena que o que me impede não sejam só as trancas.

sábado, 12 de dezembro de 2009

A Bailarina


Dança bailarina e, levando o mais belo sorriso, traga em cada passo seu um pedaço de primavera, o perfume das flores jovens e o brilho das estrelas nos seus olhos.

Venha e não se esqueça da chave do seu coração. Deixa que eu escute o que ele diz pra mim. Aquelas palavras que soam aos meus ouvidos como melodia.

Vem me dar sua mão e me ensinar a voar pra esse lugar que te torna tão livre, e não se perca nunca de mim pra que eu possa ensinar você a me amar também.

Vem que eu quero te mostrar quem eu sou e te dizer que do seu lado eu não tenho medo, que quero fazer casa no seu peito e te dar os meus mais sinceros segredos.

Continue a dançar bailarina, que antes de mulher é menina, que brinca de encantar, que nunca esquece sonhar.

Mas antes de tudo nunca esqueça de lembrar que você sempre será o meu amor, a minha pequena Nina.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ela



Você é uma pintura com insígnias secretas,
Uma sonata,
Suave como um poema que flui.
Em todas estas coisas você está,
E eu quero que saia dos meus pensamentos
Para o papel e para a luz do dia
Pra que eu possa te ver
Da alvorada até o escuro da noite.
Você é o cheiro de um florescer que eu desconheço,
Uma simples consonância.
E eu escrevo as virtudes de um coração,
De um anjo escondido em mim
Que tem a chave de todas as portas,
E que vai me jogar no chão.
Você é a mulher de pé na porta
Que não sei se vai entrar.
Um lírio ereto e altivo, doce e amargo
E ainda belo de se olhar.
Você vem vindo a mim à medida que o dia passa
E ainda te chamo porque te pertenço.
E essa melodia ainda vou cantar pra você

terça-feira, 24 de novembro de 2009

24 de Novembro


Ainda me lembro bem daquela segunda feira. A luz entrava pelas folhas e iluminava aquela praça, tão conhecida por mim, de um jeito único. Sempre que o brilho a emoldurava assim eu me lembrava de alguma passagem de ‘Doce Novembro’. Curioso, era mesmo Novembro... 24 de Novembro... O vento vinha leve e morno como é típico da estação do ano e havia flores de tantas cores... Mas nada era mais lindo que ela. Os olhos tímidos voltados para frente e ela se sentava como uma criança com as pernas cruzadas, a fala doce... O cabelo caindo pelos ombros e o rosto que eu me contive pra só tocar na hora certa... Ela falava e eu me surpreendia com as palavras e a certa altura eu já a deixava falar sozinha. Eu me lembro de tantos pensamentos: “Aonde é que ela esteve antes?”, “O que é isso dentro de mim?”, “Qual o nome daquela outra mesmo?”. As vezes ela parava, sorria e olhava pra mim brevemente. Eu tremia e alguma coisa nela me puxava , sorria de volta e abaixava os olhos. Mas ai já estava um centímetro mais perto. Numa hora em que as palavras tornaram a ralear e ela tornou a me olhar não havia sorriso nos lábios. Havia brilho nos olhos e talvez desejo. Eu não tinha mais nenhuma pergunta na cabeça, tudo o que me detinha estava vencido. Aquele rosto, aquela pele... A minha boca parecia arrastar o resto do corpo até ela. Lembro de ter mantido os olhos abertos com medo de que a qualquer momento ela levantasse e fosse embora correndo, mas para a minha surpresa os olhos dela se fecharam antes dos meus e os lábios dela estavam quentes. Foram alguns segundos de algo que até hoje não sei descrever bem. Só sei que não me sentia tão viva havia muito tempo. E quando finalmente consegui tirar meus lábios dos dela, eu me prendi em seus olhos me afastando devagar... A partir daquela hora eu já não era mais a mesma e aquele momento ficou parado em algum lugar do tempo sem poder ser apagado. Eu nunca consegui esquecer aqueles olhos negros, grandes e vivos... Eles sempre foram o que eu mais gostei nela. E relembrar cada um desses detalhes ainda trás o gosto daquela boca até mim e, ainda que as vezes doa, eu trocaria a eternidade por aquela manhã, por aquele 24 de Novembro.