Dreams are renewable. No matter what our age or condition, there are still untapped possibilities within us and new beauty waiting to be born.

-Dale Turner-

quarta-feira, 3 de março de 2010

Peu m'importe si la vie t'arrache à moi


   Hoje quando cheguei em casa me recusei a abrir as contas atiradas por sobre a mesa. Tirei as roupas e espalhei por um ou dois cômodos da casa, entrei no primeiro moletom que encontrei. Fui pra cozinha fazer macarrão instantâneo pro jantar. Ai pensei “Quer saber? Vou deixar o gás ligado...” Nem me preocupei em lavar os pratos. Fui pra sala me atirar no sofá e procurei um jogo de futebol pra ver. Eu comecei a chorar lágrimas copiosas novamente, mas dessa vez foi de raiva. Gritei, esperneei até me convencer de que você mentiu, de que fui boba por acreditar que algo existiu...
  Quis ligar o computador e apagar todas as fotos, todas as frases, os e-mails e te limar dos meios de comunicação, apesar de o risco de você me procurar ir contra todas as previsões, mas deixei isso pra um outro dia. Coloquei a primeira play list que encontrei pra tocar e ela tinha todas as musicas que eu cantei pra você, todas as que eu tenho que esquecer e talvez eu apague algumas depois.
   Apanhei o celular na mochila jogada no hall, liguei pra uma amiga que você detesta, depois pra outra de quem você costumava ter ciúmes. Han! como se fosse te castigar... Desliguei o celular e o coloquei fora do meu alcance. Bebi todas as cervejas da geladeira e pensei bastante em abrir aquele vinho caro que guardei pra abrir com você numa data especial.
   Eu escondi aquela foto sua que ficava na cômada e me saudava todas as manhãs dentro da primeira gaveta. Fui pra um banho quente e demorado com a porta do banheiro aberta. O corredor se encheu de fumaça e os espelhos se embaçaram, o que não fez mal já que eu não queria olhar meu rosto. Abri o guarda roupas e lá estava aquela sua camisa que eu usava pra dormir quando você não estava por perto. Atirei-a com cabide e tudo pra dentro do maleiro. Procurei uma roupa minha que não lembrasse nenhum momento com você, foi uma tarefa incrivelmente difícil.
   Queria esconder aquele rosto triste, então me maquiei com absolutamente tudo do que dispunha ali, seria também um ótimo subterfúgio para não voltar a chorar, você sabe que eu odeio maquiagem borrada. Gastei um tempinho no meu cabelo, que sempre está horrível, mas hoje era um dia especial e não me importaria de brigar com ele até que eu achasse que tivesse ficado bom.
   Passei um tempo procurando as chaves da porta da frente no meio da bagunça. Achei o MP5 jogado num canto, peguei um guarda-chuva e sai de casa pra caminhar pelas calçadas, por entre os carros... Coloquei os fones nos ouvidos e aumentei o volume... “Que é pra ver se você volta, que é pra ver se você vem...”.

7 comentários:

Joyce disse...

....pirei!!!


.....como vc sabe,agora que estou a ler e comentar este post é meu...já me apossei...

sinto que é isso sabe: a gente ama...se apega,planta boas sementes....mas as vezes elas não florescem....e aí é necessário se desapegar....preparar a terra para outras sementes....

e de que forma começar o tal processo??

jogamos fora cartas,flores,pensamentos,palavras....maquiamos as lágrimas com base,blush,batom....

as vezes sara...as vezes...é desespero....
por dentro ainda estão as flores,os beijos,as palavras das quais jogamos fora o papel....as palavras ainda ficam cravadas na gente.....
.....

é um processo duro,as vezes (qdo o querer n é mútuo) ele se faz necessário pra ontem.....

eu ainda saio na chuva a chorar e esperar.....mas quem sabe um dia meu solo estará fértil novamente???

é o tempo quem vai praparar as sementes....ele é rei....

AMEEEEEEEI!!!!

bjbj

Vivi disse...

Tá na cara que vc é super foda e escreve bem!

A-M-O ler as coisas que vc escreve.. tem vezes que faz mega sentido pra mim também..

continua assim que vc vai longe minha nega!
Tá de parabens, de verdade!!

Amo vc

Anônimo disse...

Li. Na hora de comentar fiquei pensando se comento o que foi escrito ou quem escreveu. Por fim, decidi comentar o que está escrito, afinal, a gente é o que a gente escreve... ou não, né?!
O incrível é que, quando lemos o que você escreveu, querida vó, percebemos que só pode ter partido de uma pessoa incrível! Uma pessoa que capta a fundo os momentos e as sensações. E a gente fica tocado pelo que lê...
Extremamente orgulhoso de poder dizer que tudo que eu li, quem escreveu foi uma amiga (ou minha vó, pra quem entende)... espero que este dom seja de família...

Unknown disse...

Lindo!!
um dia claro que vou escrever como você...
gostei do texto "depre" como sempre mas todos os escritores bons são depressivos então tá de boua... uhauahua
beijos!

João Vitor Fernandes disse...

me fez chorar... tenho vencido uma batalha a cada dia depois que tudo acabou... mesmo uma viajem pra um lugar lindo e cheio de coisas legais me fez tirar ela do pensamento. é triste e aterrorizante isso...

vc conseguiu decifrar nos minimos detalhes o que tenho passado, tentando esquecer alguem inesquecivel.

saudades!!! to voltando pra bh amanhã...agente marca alguma coisa na savassi pra semana que vem que tal?
bjs

victorenr1 disse...

Ain!
É preciso te conhecer tão bem pra entender!
Mas acho injusto a facilidade que tenho de imagina-lo...
Assim que o verdadeiro poeta se projeta, de forma individual, quase egoísta. Mas assim mesmo suas paixões se projetam além de seus desejos, sua imaginação!

Pinup disse...

Bom... Este texto mostra um pouco do que falei com você hoje...
Sobre a razão e o sentimento... Rsrsrs... Como pode né?!?! Um assunto de que estávamos falando tão bem descrito em seu texto, a imagem me chamou atenção então... O pensamento já fluiu como se quem vivesse a cena fosse eu... Vendo todas as passagens como se fosse agora, neste momento...
Oh Cecília... Minha nova amiga, menina dos olhos doces... (1º impressão é a que fica...) (não sei por que, mas sempre penso em algodão doce) como pode me conhecer tão bem e descrever um dia da minha vida sem eu saber? Rsrsrs... Tocante... e excêntrico... ( Diferente, com estilo).

Postar um comentário